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sexta-feira, 11 de maio de 2012


LIVRO - UMA NOVA REALIDADE - (Degustação)



Capítulo 4 – Na Floresta


Permaneci um longo tempo sentado recobrando a respiração e tentado me acalmar.


Olhei ao redor e vi que havia grandes árvores. Parecia que eu estava em uma floresta tropical. Comecei a organizar os meus pensamentos. O que fazer agora?

Lembrei-me então de uma série da televisão onde um maluco é colocado em lugares perigosos para sobreviver por sua própria conta com o mínimo de recursos. Pensei então que minhas longas horas em frente da televisão valeriam a pena finalmente.

Comecei lembrando que era necessário acender uma fogueira.

Fazendo como o maluco da série, procurei algo para servir de mecha, algo leve, seco e de fácil combustão. Consegui algumas casas de árvore bem finas que estavam no chão. Em seguida montei um tipo de arco com um graveto mais firme e um pequeno cipó. Encontrei também madeira bem seca para servir de base para o arco e coloquei a mecha embaixo dela. Dei a volta com o cipó do arco no graveto e coloquei sua ponta de encontro à base e comecei a fazer o movimento tal como o de tocar um violino, de forma que a fricção circular do graveto na base geraria algumas brasas que cairiam na mecha e esta pegaria fogo. Aí era só manter a chama acesa e iniciar a fogueira. Nada mais simples né? Facílimo!

Sentei no chão com as pernas cruzadas e fiquei movimentando o arco o mais rápido que podia. Eu estava atento. Logo aparecerá uma leve fumaça branca indicando que logo eu teria fogo e não teria muito tempo para alimenta-lo. Eu movimentava o arco e me abaixava para ver meu progresso já com outros gravetos à mão. Depois de muito tempo, e com o braço já doendo e as pernas dormentes... finalmente... a droga do arco quebrou e eu chutei tudo para longe falando todos os palavrões que conheço e até inventei mais alguns! Ok, sem fogo, disse e xinguei também profusamente o maluco da televisão. Ele me ensinou errado. Devo tentar novamente, pensei? Acho que não.

Deveria então providenciar um abrigo para proteção. Novamente, me lembrando da série de TV, mas um tanto desconfiado desta vez, comecei a recolher alguns galhos mais fortes, vário tipos de cipó e grandes folhas para construir esse abrigo. Dessa vez me sai melhor. Amarrei os galhos para formar uma estrutura em forma de “V” invertido e cobri tudo com as grandes folhas. Até que ficou razoável para quem nunca tinha feito esse tipo de trabalho. Fiquei ali por algum tempo olhando orgulhoso para a minha obra. Aproximei-me e tentei entrar nela. Foi então que percebi que era pequena demais para mim. Eu não tinha noção do tamanho que deveria ter construído. Mesmo assim, tentei forçar a entrada e rapidamente ouvi um leve barulho de algo quebrando e a droga todo veio abaixo, em cima de mim. Novamente praguejei muito e me levantei. Porém, como o abrigo havia ficado aceitável, resolvi reconstruí-lo, porém com materiais maiores e mais fortes. Demorei um pouco para encontrar tudo que precisava e refiz o abrigo. Dessa vez ficou bem mais firme e maior para poder me acomodar dentro dela. Consegui entrar sem problemas, mas era absurdamente desconfortável.

Água não era problema! Havia um pequeno córrego onde poderia me abastecer, só não sabia se a água era potável ou não, mas não tive outro jeito, tomei daquela água mesmo.

Chegou a noite e com ela os medos. Encolhi-me na minha digamos, barraca e fiquei lá de olhos arregalados olhando para o escuro que começava envolver a floresta. Lembrei imediatamente do filme “A Bruxa de Blair”... Josh...........

Começaram a se formar sombras assustadoras, sons ameaçadores, o vento soprava forte e havia o prenuncio de chuva.

Foi então que eu me lembrei dos animais. Sem fogo, os animais que porventura existissem naquela área poderiam se aproximar de mim. Olhei para meu refúgio e notei quão frágil era. Qualquer animal de médio porte poderia destruí-lo facilmente. Isso sem falar das cobras, aranhas e escorpiões que, evidentemente, já deviam estar às dúzias lá dentro. Mosquitos transmissores de doenças então, não teriam a menor dificuldade de se banquetearem com o meu sangue e provavelmente já haviam feito isso. Então saí da barraca na tentativa de conseguir ver se alguma coisa já estava dentro dela.

Fiz minha inspeção e aparentemente não havia nada. Estava cansado e sentei um pouco no chão, ao lado da barraca. Reclinei um pouco o corpo para trás de encontro a uma grande árvore. Quando eu me encostei nela, senti algo tocar o meu ombro. Olhei para o lado e gritei alto! Uma cobra! Levantei rapidamente e virei na outra direção para correr, mas quando dei alguns passos vi horrorizado na minha frente o Pé Grande! Corri em outra direção. Dessa vez eu acho que era o Chupa-Cabras que estava interceptando meu caminho. Do outro lado era o Orang Pendek que estava a minha espera. O Mothman também deveria estar em algum canto escondido. Havia monstros brasileiros, também, é claro... estavam ali o Saci Pererê, a Mula Sem Cabeça, etc... Eu parecia àquela loira do filme “Indiana Jones” em que eles estão na Índia e quando acamparam, ela corria de um lado para outro com medo dos animais, enquanto os homens jogavam cartas tranquilamente.

Novamente o pânico tomou conta da situação. Não sabia mais o que fazer. Correr? Mas para onde? Gritar? Mas para quem ouvir? No desespero, comecei a chorar convulsivamente. Queira bater minha cabeça em uma árvore qualquer para perder os sentidos, pensei até em suicídio, mas rechacei essa ideia terrível de minha mente.

Tentei me acalmar um pouco. Respirei fundo e retornei ao local da barraca, mas levando um galho comprido e grosso para me proteger da cobra. Qualquer coisa eu dou-lhe uma bela “porrada” na cabeça. Porém enquanto andava pensei? .E se for uma mamba negra que tem uma velocidade terrível (aprendi na TV de novo)? Aí, lembrei-me que essa cobra só existe na África e eu tinha certeza que não estava lá. Quando cheguei mais perto, cuidadosamente olhei com mais atenção e vi que a terrível cobra que iniciou toda a minha ilusão era apenas e tão somente um inocente cipó que estava pendendo da árvore na qual eu me encostei. Mesmo assim, eu dei uma bela cacetada no cipó com o galho só para garantir. Evidentemente nada existia de monstros, mas nessas horas nossa imaginação fica tão incontrolável que qualquer sombra se parece como algo terrível.

Voltei a entrar na cabana e a chuva desabou com raios e trovões. Lembrei-me das palavras de Josssé e entendi o quão poderosa era aquela energia que as nuvens despejavam sobre a terra. Havia muitas árvores grandes ao meu redor, mas felizmente nenhuma delas atraiu um raio sequer, mas ouvi ao longe o barulho terrível de um raio atingir uma árvore e o som dela caindo sobre o solo com um baque tremendo, que mesmo da grande distância, fez o chão tremer.

A chuva foi ficando mais fraca e parece que a água levou junto com ela parte de meu pânico, (e parte da barraca!). Eu adoro o som da chuva... isso sempre me acalma.

Não conseguia dormir de jeito nenhum. Fiquei ali ouvindo o agradável som da chuva e o aroma maravilhoso da água na terra. Como estava com o sentido da audição bem mais forte, uma vez que não podia enxergar direito, comecei a ouvir algo como risadinhas bem baixas. Pareciam crianças muito travessas que tinham terminado de fazer suas traquinagens.

Era um som agradável embora assustador nas circunstâncias em que eu estava. O som das risadas ficava mais alto e posteriormente ficavam mais baixo, com se a fonte desse som se distanciasse e voltasse a se aproximar de mim. Isso continuou por um tempo.

Então os arbustos ao longe fizeram um barulho como se alguém os tivesse agitando. Começaram a soar passos pesados em minha direção. Vultos passavam rapidamente diante da cabana, causando um desconforto estomacal terrível. Eu estava a ponto de vomitar. Foi ai que uma enorme sombra passou rapidamente em frente da cabana e voltou, se postando exatamente em frente da entrada dela. Era algo oval e completamente negro. Não tinha braços nem pernas nem cabeça. Apenas um enorme ovo negro. Ele pulsava rapidamente. Estranhamente aquilo não me assustou tanto quanto devia. Fiquei ali olhando aquilo até que ele soltou um grito terrível que lembrava o uivo de um lobo, ou melhor, de um lobisomem. Aquilo me fez gelar. Tentei gritar, mas minha voz não saia. Tentei levantar e correr, mas estava paralisado de medo. Tremia incontrolavelmente. Passaram alguns minutos e a pulsação dela foi diminuindo de frequência até que aquela aparição terrível sumiu. Não é que tenha ido embora. Não houve qualquer movimento. Ela simplesmente desapareceu da minha frente. Num segundo estava lá, no outro não estava mais. Eu fiquei um pouco aliviado, mas não ousava sequer me mexer com medo que aquilo voltasse.

Foi então que notei um pequeno clarão vindo de algum ponto da mata. Prestei mais atenção e notei que eram diversas formas luminosas que se aproximavam de meu pequeno e frágil refúgio.   (continua)....

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