ENCONTROS COM O INSÓLITO (Raymond Bernard)
(CONTINUAÇÃO)
COMO
APRESENTAÇÃO
A tradição nunca deixou de constatar um governo oculto do mundo, e a esse
governo muitos nomes foram dados no decorrer dos tempos, assim como muitas
sedes. No século passado, Saint-Yves d'Alveydre, talvez pela primeira vez de
maneira tão explícita e precisa, a isso se referiu pormenorizadamente. Sua obra
nascia no momento oportuno, e depois soube de fonte mais autorizada que,
efetivamente, como ele mesmo relata, recebera instruções precisas para publicar
essas revelações. A utilização abusiva de algumas informações esparsas mas
fundamentadas, por certos aventureiros do
oculto, mais preocupados com sua popularidade ou com seu sucesso financeiro
do que com a verdade, fazia necessária uma explicação. Havia ainda aqueles que,
não compreendendo coisa alguma, mas persuadidos de sua iluminação ou das revelações
que lhes eram transmitidas, segundo eles, do Alto ou de tal ou qual mestre ou
guia, forjavam estranhas teorias que, como é freqüente, exerciam uma atração
incrível mas real sobre certos pesquisadores perdidos, sempre em busca de uma
impossível novidade, na areia
movediça do maravilhoso descontrolado. Logo, era necessário restabelecer a
verdade, ao menos parcialmente, e foi assim que Saint-Yves d'Alveydre levantou
uma ponta do véu sobre Agartha, tal como Agartha se apresentava no momento em
que ele escreveu sua obra, e tal como, naquele momento, era constituída e conduzia
suas atividades. Da mesma forma, vinha-se a saber de outras fontes seguras que
a sede desse governo oculto do mundo
era naquela época situada no deserto de Gobi. E ficou-se por aí.
Há fatos verídicos do passado que, como tudo em nosso mundo, estão em
perpétuo movimento e transformação. Os fatos evoluem e seu conteúdo muda. O
que, algumas décadas atrás, era verdade, está hoje ultrapassado. Todos aqueles
que, atualmente, se interessam por essas questões particulares atribuem às
informações de Saint-Yves d'Alveydre o mesmo crédito que antigamente e, sem
refletir, admitem implicitamente que nada mudou desde então. Sei que sou o
primeiro a fazer sobre este assunto novas revelações e tenho consciência da
importância da responsabilidade que assumo neste caso, mas é claro que, como
Saint-Yves d'Alveydre, jamais eu me teria aventurado em tais revelações sem
permissão. Direi, portanto, claramente, que o governo oculto do mundo (sobre o
qual tornarei a falar um pouco depois com detalhes, a propósito de um dos meus
encontros insólitos) já não é, de modo algum, o que era trinta anos atrás. Além
disso, já não se situa no deserto de Gobi. Sob todos os pontos de vista, como
veremos, são levadas em consideração as condições do mundo moderno e sempre foi
assim, numa progressão lenta, por um ajustamento constante às novas condições.
Mas creio chegado o momento de relatar um primeiro encontro insólito.
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