Os Quatro Inimigos do Conhecimento
Os passos para o conhecimento são
difíceis e seu final é desconhecido. No caminho do saber, o homem se depara com
alguns inimigos que deve enfrentar e derrotar.
Segue-se
uma pequena explanação desses inimigos que, todos nós teremos que enfrentar se
quisermos realmente a senda do conhecimento.
“Quando um homem começa a, aprender,
ele nunca sabe muito claramente quais seus objetivos. Seu propósito é fraco;
sua intenção, vaga. Espera recompensas que nunca se materializarão, pois não
conhece nada das dificuldades da aprendizagem.
"Devagar, ele começa a
aprender... a princípio, pouco a pouco, e depois em porções grandes. E logo
seus pensamentos entram em choque. O que aprende nunca é o que ele imaginava,
de modo que começa a ter medo. Aprender nunca é o que se espera. Cada passo da
aprendizagem é uma nova tarefa, e o medo que o homem sente começa a crescer
impiedosamente, sem ceder. Seu propósito torna-se um campo de batalha.
"E assim ele se deparou com o
primeiro de seus inimigos naturais: o Medo! Um inimigo
terrível, traiçoeiro, e difícil de vencer. Permanece oculto em todas as voltas
do caminho, rondando, à espreita. E se o homem, apavorado com sua presença,
foge, seu inimigo terá posto um fim à sua busca logo no começo.
Como se vence este primeiro inimigo?
- A resposta é muito simples. Não se
deve fugir. Deve-se desafiar o medo, e, a despeito dele, deve se dar o passo
seguinte na aprendizagem, e o seguinte, e o seguinte. Deve-se ter medo,
evidentemente, mas, no entanto não se deve parar. É esta a regra! E o momento
chegará em que seu primeiro inimigo recua. O homem começa a se sentir seguro de
si. Seu propósito torna-se mais forte. Aprender não é mais uma tarefa
aterradora. Quando sente esse momento feliz, o homem pode dizer sem hesitar que
derrotou seu primeiro inimigo natural.
Uma vez que o homem venceu o medo,
fica livre dele para o resto da vida, porque, em vez do medo, ele adquiriu a
clareza de espírito que apaga o medo. Então, o homem já conhece seus desejos;
sabe como satisfazê-los. Pode antecipar os novos passos na aprendizagem e sente
uma clareza viva acerca de tudo. O homem sente que nada se lhe oculta.
"E assim ele encontra seu segundo
inimigo: a
Clareza! Essa clareza de espírito, que é tão difícil de obter,
elimina o medo, mas também cega.
"Obriga o homem a nunca duvidar
de si. Dá-lhe a segurança de que ele pode fazer o que bem entender, pois ele vê
tudo claramente. E ele é corajoso porque é claro e não para diante de nada
porque é claro. Mas tudo isso é um engano; é como uma coisa incompleta. Se o homem
sucumbir a esse poder de faz-de-conta, sucumbiu a seu segundo inimigo e tateará
com a aprendizagem. Vai precipitar-se quando devia ser paciente, ou vai ser
paciente quando devia precipitar-se. E tateará com a aprendizagem até acabar
incapaz de aprender mais qualquer coisa.
Como se vence este segundo inimigo?
Deve-se fazer o que se fez com o medo:
tem de desafiar sua clareza e usá-la só para ver, e esperar com paciência e
medir com cuidado antes de dar novos passos; deve pensar, acima de tudo, que
sua clareza é quase um erro. E virá um momento em que ele compreenderá que sua
clareza era apenas um ponto diante de sua vista. E assim ele terá vencido seu
segundo inimigo, e estará numa posição em que nada mais poderá prejudicá-lo.
Isso não será um engano. Não será um ponto diante da vista. Será o verdadeiro
poder.
"Ele saberá a essa altura que o
poder que vem buscando há tanto tempo é seu, por fim. Pode fazer o que quiser
com ele. Seu poder está às suas ordens. Seu desejo é a ordem. Vê tudo o que
está em volta. Mas
também encontrou seu terceiro inimigo: o Poder!
"O poder é o mais forte de todos
os inimigos. E naturalmente a coisa mais fácil é ceder; afinal de contas, o
homem é realmente invencível. Ele comanda; começa correndo riscos calculados e
termina estabelecendo regras, porque é um senhor.
"Um homem nesse estágio quase nem
nota seu terceiro inimigo se aproximando. E de repente, sem saber, certamente
terá perdido a batalha. Seu inimigo o terá transformado num cruel e caprichoso.
Como se vence o terceiro inimigo?
“Também tem de desafiá-lo,
propositadamente. Tem de vir a compreender que o poder que parece ter
adquirido, nunca é seu. Deve controlar-se em todas as ocasiões, Com cuidado e
lealdade tudo o que aprendeu. Se conseguir ver que a clareza e o poder, sem seu
controle sobre si, são piores do que os erros, ele chegará a um ponto em que
saberá quando e como usar seu poder. E assim terá derrotado seu terceiro
inimigo”.
"O homem estará, então, no fim de
sua jornada do saber, e quase sem perceber encontrará seu último inimigo: a Velhice!
Este inimigo é o mais cruel de todos, o único que ele não conseguirá derrotar
completamente, mas apenas afastar”.
"É o momento em que o homem não
tem mais receios, não tem mais impaciências de clareza de espírito... um momento
em que todo seu poder está controlado, mas também o momento em que ele sente um
desejo irresistível de descansar. Se ele ceder completamente a seu desejo de se
deitar e esquecer, se ele se afundar na fadiga, terá perdido o último round, e
seu inimigo o reduzirá a uma criatura velha e débil. Seu desejo de se retirar
dominará toda sua clareza, seu poder e sabedoria.
"Mas se o homem sacode sua
fadiga, e vive seu destino completamente, então poderá ser chamado de um homem
de conhecimento, nem que seja no breve momento em que ele consegue lutar contra
o seu último inimigo invencível. Esse momento de clareza, poder e conhecimento
é o suficiente por toda a vida”.
Muitos de nossos Irmãos cedem a este
último inimigo. Muitos chegam até o topo da escada, seja como grau 33 ou como
Mestre Instalado, e tendem a sentir que sua missão acabou. Sentem-se
desmotivados, sentem que não há mais nada a acrescentar em sua jornada... mas,
isto não corresponde à verdade... esses Irmãos tem muito que nos ensinar e
fazem muita falta para a Loja.
A experiência adquirida em todos os
anos de estudos e dedicação à Ordem é indispensável para os Irmãos mais novos,
que estão ainda enfrentando os seus primeiros inimigos na senda, e podem
fraquejar e cair prematuramente.
Por isso devemos sempre reverenciar e
respeitar esses Irmãos e nos alegrar com sua presença em Loja e sempre
incentivar para que eles continuem a freqüentar as reuniões.
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